Muito se fala desse assunto nas rodas evangélicas. O desejo de muitos é viver um evangelho sem amarras, a margem das interpretações institucionais, mas na verdade -cansados do medo e culpa introjetados nas doutrinas e costumes religiosos- querem uma licença para a permissividade irracional... não desejam aplicarem-se a aprenderem que liberdade começa com uma consciência sadia e pressupõe responsabilidade e compromisso.
O desejo é sair da tutela de um sacerdote e colocarem-se sob outro que lhes permita ter liberdade sem consciência. Igualzinho a falácia do sonho da "igreja" voltar a ser como a "igreja primitiva". Esquecem-se que essa fase inicial da igreja foi feita da semeadura de corpos mutilados nas arenas e regado com a lágrimas e o sangue dos mártires da igreja.
E tudo isso porque a consciência desses lhes dava a convicção da mensagem da cruz, a ponto de valer a pena morrer por ela. E essa geração atual, está disposta a dar a vida pela mensagem? Pois conhecço muitos que dão a vida pela instituição, mas não pelo Evangelho.
Nessa
carne (nem na outra!) conseguiremos reproduzir esse tal de "evangelho
puro e simples" como um corpo doutrinário para usufruto coletivo, visto
que as experiências que o compõe são pessoais e irreproduzíveis. E o que
é esse "evangelho puro e simples"?
Para
responder a essa pergunta, parto do mesmo principio do Evangelho sobre o
que seja pecado... sabendo o que seja pecado para mim segundo minha
consciência, que é submissa a minha contemporaneidade, também reconheço
na mensagem do Evangelho princípios de vida eternos que aplico com a com
a simplicidade que lhe é peculiar, sabendo que toda compreensão que
tenho sobre isso serve para mim e meu momento histórico.
Portanto
entendo que o “evangelho puro e simples” seja a aplicação desses
princípios eternos à minha existência, aplicada ao meu contexto e
histórico pessoais.
Isso
não me torna um ser egoísta, mas desperta a minha consciência da
mutualidade a que fomos por Cristo chamados a viver como Igreja.
Percebo que a medida em que reparto minhas experiências nessa caminhada
pessoal rumo a eternidade, ajudo outros a prosseguirem e terem suas
próprias experiências. E igualmente tenho discernimentos a partir da
vida de meu irmão, sendo incentivado a aprofundar-me no conhecimento e
na experimentação da boa, perfeita e agradável vontade de Deus,
transformando minha vida em um culto racional.
No que creio e tento viver.
Entendo que a verdadeira rendenção espiritual não tem entre os seus agraciados aquelas pessoas que posam de santas e moralmente irrepreensíveis, tampouco aquelas que investem a sua vida em defender a doutrina melhor fundamentada em escritos ancestrais... vejo que ela é alcançada pelo pecador arrependido que, por assim se reconhecer e ciente de sua limitação, ousa não mais negociar com Deus o Seu favor mediante seus esforços pessoais mas, em um passo de fé, acredita na bondade intrínseca de seu Ser e nos méritos do Cristo crucificado e ressurreto respondendo à essa fé com uma nova postura, voltada à Deus e ao próximo sem fanatismos, dando assim sabor à sua vida e a dos que estão à seu redor neste mundo. E tudo isso é possível exclusivamente pela Graça de Deus, fruto de Seu amor por nós.
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