comentário meu para o Púlpito Cristão:
Mano Léo:
Assisti a esse vídeo do Driscoll à algum tempo atrás... a argumentação dele, além de pertinente e biblica, se assemelha muito ao que o Caio Fábio se manifesta há tempos sobre esse assunto.
Certamente, não devemos esquecer que essa visão sobre este assunto tem raízes mais antigas, não é algo novo. As obras de Santo Agostinho, Sorën Kiekgaard, C.S. Lewis ou Francis Schaffer já davam corpo à essa percepção em momentos diferentes. A diferença é que agora essa percepção por ser mais difundida pela facilidade de acesso à informação, faz isso parecer novo e que Caio, Driscoll ou Rob seriam os precursores de tal abordagem. Talvez fosse mais honesto por parte de quem se atreve a defender essa visão, não negar a influência desses pensadores desconhecidos ou reconhecidos só pelo nome na formulação de sua visão da igreja na atualidade.
Voltando à "vaca fria", após assisti-lo, atrevi-me a enviar o link para o Caio com algumas observações pessoais. Em retorno, o Caio entre outras observações sobre o jeito estadunidense de tratar os temas da vida ou como moda ou como objeto de raiva coletiva, singelamente escreveu sobre o papel do discípulo: "O discípulo não odeia nada, apenas ama, e o que não é para amar nem existe no tema em sua vida".
Isso me fez pensar durante um bom tempo... e fui obrigado a dar razão a esse conselho. Nós cristãos ainda temos a nossa espiritualidade voltada à aprovação comunitária de nossa jornada espiritual, legitimando a aspiração comunitária da igreja em ser o aferidor e balizador da espiritualidade de cada um. Esse mau-costume transformou a igreja nesse ente que para muitos gravita entre os pólos da ojeriza e da rendição incondicional. Ela não é só algoz: é também vítima ao mesmo tempo.
Portanto odiar à religião (nesse caso a evangélica) e seus sistemas de controle e validação é "cuspir" em um sistema que nos serviu em algum momento de nossa vida, enquanto que a nossa insegurança essencial que já deveria ter sido aplacada pela rendição incondicional à graça de Deus em Cristo, ainda não havia cedido a manifestação do Amor em nossas vidas.
Declarar publicamente odiar a religião acredito ser uma pesada ofensa pessoal. Eu me senti várias vezes ofendido quando amigos ou professores manifestavam que meu jeito de crer era frágil e destituído de razoabilidade. Declarações como essas comparo a indelicadeza (para ser polido nas palavras) de dizer a um paraplégico o quanto suas muletas são feias, sujas e frágeis. É tripudiar sobre a dignidade do próximo, obtida pela rendição à esse modelo de espiritualidade que na sua visão é correta, uma vez que muitos ainda não estão conscientes do amor, misericórdia e graça do Pai em Cristo, nem preparados para responder positivamente à essa mudança de paradigma espiritual. Se nem o Espírito Santo “força a barra” com o cara, porque eu deveria fazer o papel que é só d´Ele?
Se hoje a religião foi uma muleta que me carregou em uma fase de minha vida e hoje não mais me serve pois a troquei pelo “excelente” de Deus, porque eu agora declararia guerra a um ente que me deu pelo menos uma segurança existencial em minhas fragilidades pessoais? Só porque agarrei uma beirinha de nada do “excelente” de Deus, agora me sinto tão por cima que me dá o subjetivo direito de arrancar à força as bengalas, muletas, cadeiras de roda e andadores daqueles que ainda não tiveram a revelação da graça?
De modo algum!
Não vemos Paulo, nem Pedro, nem Timóteo agindo assim. Os vemos pregando com paixão sobre o amor que os alcançou, vivendo com intensidade a graça, deixando-se levar pela certeza do invisível, do intocável e do inimaginável. Jesus adverte aos mestres da lei, mas não despreza a crença do povo; Paulo prega ao povo, mas não condena sua religião; Pedro anuncia a graça e convive em meio a um ambiente judaico religioso.
Isso só prova uma coisa: a religião não é inimiga do evangelho pois ela perante a irresistível revelação da graça, nada é!
Ou seja: para quem a Verdade se revelou, a religião é só mais uma das coisas que ficam no passado, como nossos vícios e pecados. Temos lembranças dela, sabemos a profundidade do significado para aquele quem ainda não nasceu a luz do evangelho e de sua importância para a dignidade e segurança pessoais. Mas também se o evangelho fez morada em nós como Reino de Deus na terra, aprendemos a não desprezar nem atacar esse importante tema da vida de cada um. Apenas vivemos sem precisar dela mais, pois o excelente de Deus se revelou à nós.
Quando nossa alma se abre para receber de verdade o amor de Deus, evangelizar passa de "convencer alguém que nossa religião é a certa e a dele errada" para "anúncio de boas-novas do Reino dos Céus".
Paz!
Um comentário:
na última vez que fui a uma visita no lar de uma familia romanista, foi o que aconteceu!!
falei do Reino, da graça e Jesus esteve entre nós.
Naquele momento a igreja como instituição que valida a salvação já não tinha mais sentido algum.
Belo texto
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