Respostas a questões formuladas a mim em um fórum de debates:
Vc acha que os Neopentecostais perderam sua Salvação?
Eu não creio na doutrina da perda da salvação. E se alguém acredita que perdeu ou pode perdê-la, foi porque nunca a teve. Não confiou -ou não lhe foi pregado e crido com fé simples e pura como de uma criança- que tudo foi consumado na cruz, sendo incentivado a conquistar com seus esforços os frutos espirituais que a igreja prega que são os sinais externos obrigatórios de um verdadeiro convertido. Daí como o cara não consegue ficar sem pecar (pois pecadores somos, quem diz o contrário peca e chama Deus de mentiroso) cai em depressão e acha que perdeu a salvação. Esse é o processo perene do evangelho da meritocracia, desse evangelho de "Gezuíz". Como pode se perder algo que nunca se teve ou que não se reconhece que tenha mediante a graça divina? Isso vale para qualquer vertente religiosa, não somente aos neopentecostais que foi o objeto de sua questão.
Esses custumes afastam eles da salvação?
(sobre os polêmicos costumes em voga hoje em dia nas igrejas, não só neopentecostais)
Podem afastar e no mínimo criam dois tipos de seres que vivem em pólos opostos: os inseguros espiritualmente que vivem da negação da realidade que os cerca, em permanente estado de suspensão da vida e os prosélitos que enxergam a vida como um eterno campo de batalhas, tudo é interpretado em uma ótica beligerante contra tudo e contra todos que não advogue sua fé. Isso é um inferno interior sem tamanho. Se isso é a tal "vida abundante" prometida por Jesus na bíblia e que a igreja vem pregando, então ela tem vendido um produto que não consegue entregar. PROCON nela!!!! Kkkkkk...
Esse mundo de ritos, “revelamentos e profetadas” causam dependência emocional, o que impede o livre caminhar no progresso do conhecimento pessoal de Deus na vida do convertido. Ele pode até inicialmente ter se convertido a “Gezuíz”, mas nesse processo, Jesus pode se revelar à ele em uma busca pessoal sincera. Esse grande perigo, do cara verdadeiramente conhecer Jesus, sua Palavra e Sua vontade dá arrepio nos líderes midiáticos. Para eles o único deus a ser conhecido é aquele que eles “revelam” em seus shows performáticos, que quer a grana e a força de trabalho gratuita de seus seguidores em pról de seu reino particular. Por isso o seqüestro do senso crítico, o rígido controle sobre a literatura que a igreja impõe e alija de seus membros, o culto à personalidade do líder, a diluição da persona na massa eclesial e as constantes programações durante a semana para dar a sensação que se o cara não ir à igreja, vai perder o “mover”, a “unção”, a “benção”. Isso tudo tem um nome: técnicas de manipulação de massas, que hoje faz parte do currículo formal ou informal de qualquer aspirante a líder de grandes igrejas.
Eles são filhos de Deus? Herdarão o Reino dos Céus?
Filho de Deus são todos aqueles receberam a luz de Cristo conforme o Evangelho de João no capítulo 1 e não quem acreditou nas promessas de “Gezuíz”, indo à frente e fazendo uma oração pública declarando a partir daquele momento sua mudança de religião (quiçá de Papa). Por isso, um pentecostal, um tradicional, um neopentecostal, um católico, um espírita, um budista, qualquer um que abra-se para receber a Luz que veio iluminar o mundo, é digno de ser recebido como filho de Deus e ser herdeiro do Reino. O mais, essa questãozinha religiosa, o próprio Espírito de Deus discernirá a cada um a seu próprio tempo, da maneira que Ele desejar. Ora, o que são as religiões? Nada mais que muletas teólogicas projetadas pela mente humana sobre a idéia do divino e do transcendente para provocar a sensação de segurança psicológica em um mundo cheio de incertezas.
Os “evangélicos” tem raiva de outras religiões pois temem que o próximo (a quem deveriam amar destemidamente) possa encontrar a pacificação de sua alma em outra religião que não seja a sua, denunciando assim a ineficácia de sua fé e suscitando dúvidas quanto a sua propagada origem "no coração de Deus" segundo linguajar corrente no meio evangélico. Tem a convicção que pretensamente, pelo suposto fato de que o cristianismo tenha sido “fundado” por Jesus o Filho de Deus, esta deveria ser a religião dominante e imbatível sob todos os pontos de vista possíveis e imagináveis, corroborando assim sua inegável universalidade. E até há pouco tempo assim foi, a custa de muita guerra, desamor, falta de tolerância e muito clérigo e leigo internado em hospício pelo paradoxo de pretender ser na carne o que se pode ser somente pela fé e pelo Espírito Santo. Receber a luz de Cristo implica em uma dinâmica de fé completamente oposta ao que hoje se prega como sendo Evangelho de Cristo, é sair da posição "eu-centrada" e passar à posição "outro-centrada". Qualquer coisa contrária à isso é palestra de auto-ajuda. É o evangelho segundo Lair Ribeiro, que vem se pregando nos púlpitos evangélicos (e em alguns católicos também) desse país.
Paz!
No que creio e tento viver.
Entendo que a verdadeira rendenção espiritual não tem entre os seus agraciados aquelas pessoas que posam de santas e moralmente irrepreensíveis, tampouco aquelas que investem a sua vida em defender a doutrina melhor fundamentada em escritos ancestrais... vejo que ela é alcançada pelo pecador arrependido que, por assim se reconhecer e ciente de sua limitação, ousa não mais negociar com Deus o Seu favor mediante seus esforços pessoais mas, em um passo de fé, acredita na bondade intrínseca de seu Ser e nos méritos do Cristo crucificado e ressurreto respondendo à essa fé com uma nova postura, voltada à Deus e ao próximo sem fanatismos, dando assim sabor à sua vida e a dos que estão à seu redor neste mundo. E tudo isso é possível exclusivamente pela Graça de Deus, fruto de Seu amor por nós.
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