No que creio e tento viver.

Entendo que a verdadeira rendenção espiritual não tem entre os seus agraciados aquelas pessoas que posam de santas e moralmente irrepreensíveis, tampouco aquelas que investem a sua vida em defender a doutrina melhor fundamentada em escritos ancestrais... vejo que ela é alcançada pelo pecador arrependido que, por assim se reconhecer e ciente de sua limitação, ousa não mais negociar com Deus o Seu favor mediante seus esforços pessoais mas, em um passo de fé, acredita na bondade intrínseca de seu Ser e nos méritos do Cristo crucificado e ressurreto respondendo à essa fé com uma nova postura, voltada à Deus e ao próximo sem fanatismos, dando assim sabor à sua vida e a dos que estão à seu redor neste mundo. E tudo isso é possível exclusivamente pela Graça de Deus, fruto de Seu amor por nós.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

E daí ?


O legal de poder expressar a fé sem os dogmas religiosos é descobrir que outros pensam de igual maneira, portanto o isolamento que caracteriza iniciativas deste tipo tende a ser passageiro.

Especialmente na proliferação de blogs que tratam do tema, como este, e os textos que são postados. Em sua maioria inteligentes, cativantes pela percepção precisa do autor das idiossincrasias religiosas e que reafirmam que optamos pelo caminho correto para o exercício da religiosidade cristã.

Mas percebo que o crescimento desse ciclo virtuoso de produção de textos está chegando ao fim. Os temas vem se repetindo nos blogs, com pouca coisa nova ou original sendo postada. Está cansando ler textos sobre a hipocrisia das liturgias de cultos, histórias de sinais extravagantes, testemunhos do arco-da-velha, fofocas de lideranças corruptas enroladas com negócios deste "mundo", de politicagem evangélica/políticos evangélicos e da já conhecida e denunciada aplicação errada da Palavra no meio gospel.

Parece que o tempo catártico que caracteriza essa fase da vida na nossa geração esgotou-se, mas muitos não perceberam isso ainda e a "ficha" não caiu. A produção de textos contestadores e com proposituras de soluções corretas do tipo amor, caridade, desprendimento e outros do tipo continua a pleno vapor, o que considero um bom sinal, pois o propósito da reflexão não foi perdida.

Mas, e daí ?

Quando a reflexão deixará de ser idéia para ser palpável ? Quando nossos grandes e aprofundados arrazoados se tornarão vida realmente, ao invés de palavrório a esmo ? Quando o bem que o redescobrimento da mensagem do evangelho trouxe à nossa vida atingirá aqueles que ao nosso redor estão ?

Se entendemos que devemos ser imitadores de Cristo, conforme conselho de Paulo, nossa atuação deve ir além da rejeição ao sacerdócio instituído, do questionamento das doutrinas legalistas e da internalização do evangelho como remédio divino para mitigar os desmandos da vida sobre nossa existência. Se é para seguir o exemplo de Cristo, que busquemos ser seus imitadores em tudo.

Imitá-lo na misericórdia para com os perdidos, na assistência ao faminto, no acolhimento ao desesperado, na solidariedade com quem sofre, orar por cura sobre os enfermos, libertar os oprimidos pela palavra da Verdade, buscar os desvalidos.

Não vejo outro caminho a seguir nesse processo se não nos voltarmos para o próximo, transformado palavras em atitudes concretas. Se Jesus hoje fosse um blogueiro esperto, que escrevesse bem e com grandes sacadas em seus textos, mas não tivesse caminhado na vida com o próximo (que sou eu e você), não teríamos a salvação e a vida que Ele garantiu com sua própria morte e ressurreição que nos daria.

Aliás, quantos de nós abriria mão de escrever regularmente em nossos blogs ou de lê-los, para que nossa teoria vire prática ? Estaríamos dispostos a parar um pouco de olhar os defeitos do meio gospel, fonte de perverso prazer para alguns, e voltarmos nossos olhos para todos que estão a nossa volta a espera de uma ação nossa em sua direção para compartilhar Vida ? Ou isso nos é difícil e tornou-se vício pervertido caçar "heresias" e "loucuras" do meio evangélico para destilar ressentimento contra a categoria daqueles que, durante tempos, nos oprimiram na "igreja" ?

É tempo de ponderar se nossa alegada "liberdade" no evangelho virou desculpa para a leniência em relação as nossas responsabilidades perante o evangelho ou para acobertar sentimentos difusos, que lançam a nossa alma no limbo existencial. Denunciar e contestar os desmandos dos líderes espirituais é preciso. Com também é preciso deixar transbordar o bem do evangelho em nossa vida para a vida de outros. Sem dogmas, sem esquemas, sem medição de desempenho.

3 comentários:

Eva disse...

Sinto-me confortada com o texto postado de Eli Sanches, pela identidade do que penso como cristã, muitas vezes mal compreendida por alguns, que se deixaram bitolar em doutrinas de homens e malversações da Bíblia, sufocando a mensagem que vem do espírito e esquecendo-se de que Cristo é o maior libertador das almas, é o psicoterapeuta infalível dos cansados e oprimidos, que existe para nos aliviar dos fardos e nos conduzir à sua verdade, pois Ele é o caminho, a verdade e a vida. È a luz do mundo. E não faz acepções de pessoas. Por enquanto, caminhamos como que por sombras e sentimos seu reflexo por espelhos. Mas creio que, quando atingirmos a plenitude, veremos a sua indescritível luz. Religiões, doutrinas, tudo passa, Servem apenas como instrumentos de organização e controle, como as instituições em sociedades organizadas, que não livram do mal e do erro (pecado). Essa é uma tarefa divina que Deus delegou ao Espírito Santo, que nos permite ter consciência de erro e se afastar dele. Ele mesmo vai continuar lhe dando mais e mais discernimento para que possa contagiar mais e pessoas que lêem o seu blog. Tudo o mais é parte de um processo da história da humanidade até alcançar a luz que é Jesus.
Evanice Maria -Salvador-Bahia

Eliézer disse...

Olá Evanice !

Temos alguma coisa em comum. Meu pai é Coaraci, Bahia. Grato pela sua manifestação !
Meu blog tem servido até este momento como um depósito onde tenho escrito e colado pensamentos que considero relevantes neste momento de minha caminhada com Jesus. Creio que o sistema religioso nos oprimiu tanto que hoje, quando muitos optam pela liberdade de andar segundo sua consciência em Cristo mediante a Palavra revelada, transformamos essa fase em um "sábado" existencial, tendente a transformar essa experiência em um piquenique sem hora de término. Não vejo assim. Apesar de parecer ter um viés igrejeiro, há uma comissão dada por Jesus à seus discípulos que é ir pelo mundo (caminho) fazendo discípulos dEle. Se o fato relatado em Rm. 6:1-4 e cantado em uma música antiga da igreja "Comunidade da Graça" falando que Jesus "...morreu a nossa morte para vivermos Sua vida..." não nos motivar a fazer discípulos conforme a imagem dEle, então todo esse movimento de libertação das estrururas eclesiásticas é mais um subterfúgio para o homem esconder-se de si mesmo e não encarar que há uma resposta em amor e gratidão a ser dada por tão grande salvação que é fazer a vontade do Pai e não o da igreja.

Paz e bem para você e sua família !

Thiago Mendanha disse...

Olá, Eliézer...

Li seu texto, e de fato expressa bem o momento em que estou vivendo! Como você bem disse, se não tomarmos uma séria providência ficaremos viciados em apontar as mais descabidas novas do gospel. Mas, chega uma hora em que isso se torna em tédio... e aí que paro e percebo que não tenho feito nada além de apontar e apontar erros...

... claro, creio ser muito válido refletirmos em tantas coisas ridículas feitas em nome de Deus, e sempra haverão pessoas novas que estão percebendo isso agora, e vale continuarmos apontando. Mas, se ficarmos apenas nisso, no final só haverá uma grande massa de "apontadores" de "heresias" gospel e nada mais... daí então surgirão outros como nós no início apontando nossos erros!

Mas, peço forças a Deus para que eu seja de fato um praticante da Palavra...

Um grande abraço brother!