Venho recebendo nestes ultimos dias uma boa quantidade de e-mails com links e relatos sobre os desdobramentos de um suposto erro em quem formos votar, alardeando as "terríveis" conseqüencias em se votar em um ou outro partido.
Particularmente intriga-me aquelas mensagens com esse tipo de conteúdo baseado em manifestações carismáticas de revelações e profecias. Não são poucas as mensagens que recebo com esse tipo específico de conteúdo, inclusive com irmãos que vem me questionar sobre esse tipo de mensagem.
É interessante observar que esse tipo de mensagem aparece com freqüência em épocas de eleição para demonizar candidatos e induzir o voto do cristão de maneira utilitarista, como se o Brasil fosse uma monarquia teocrática à semelhança do Israel do velho testamento.
As coisas deixaram de ser assim desde que Cristo morreu, ressuscitou e deu-nos de Seu Espírito para que NÓS fôssemos a manifestação do Reino em meio à humanidade. Sozinhos ou em comunidade (igreja). Hoje cada um deveria gozar da liberdade em Cristo e do Seu Santo Espírito para seremos guiados em toda a verdade. A igreja não é um novo Israel com a missão de implantar um governo teocrático onde quer que esteja, por mais que vejamos o esforço da igreja institucional (especialmente as de linha pentecostal e neopentecostal) afirmarem que essa tomada de poder é "plano de Deus".
Se fosse para isso que a igreja existisse, seria fácil ser o “novo Israel”: bastaria um ofício sacerdotal constituído e regras de conduta e moral impostas para serem obedecidas, facilitando classificar gente entre salva e não-salva baseando-se na observação de seu cumprimento (ops, acho que já vimos isso...), mas não é. O chamado para cada um, que é o da Igreja -sendo esta a comunidade dos chamados individualmente- é para amarmos uns aos outros e anunciarmos à humanidade que “Deus em Cristo, reconciliou o mundo” e nos comissionou para o exercício do ministério da reconciliação. O resto -mudança de comportamento ou o novo nascimento- é o Espírito quem opera em cada um segundo Seu querer e tempo.
A tática da “Teoria da Conspiração” espiritual no meio evangélico sempre deu resultado, pela estrutura hierárquico-espiritual calcada na manifestação dos dons como aferidor de uma maior espiritualidade, conseqüentemente alguém que as orientações devem ser seguidas por supostamente virem de alguém mais próximo do divino que os outros. Esse tipo de estratégia tem eficácia especialmente se vêm com uma roupagem de “revelação”, sonhos, respaldo em experiências missionárias e outros tipos de manifestação classificadas como “sobrenaturais”. O povo cristão majoritariamente dá mais ouvidos à esse tipo de coisa que o uso da sabedoria (dadas por graciosamente Deus conforme Sua Palavra) que engloba a capacidade de compreensão e da percepção para entender o mundo à sua volta e fazer opções com a consciência em paz.
Esse tipo de coisa contamina nosso entendimento. Infelizmente o uso dos dons espirituais perdeu o foco, transformando-se de elemento acessório (lembremos que Paulo classifica essas manifestações do carisma divino como adornos de Cristo à Sua noiva – ou seja para deixá-la mais bonita e apta ao chamado do Rei) em algo extremamente relevante à percepção humana (contaminada pelo pecado) e instrumento de manipulação. O povo passou a olhar mais para o lindo colar de esmeraldas do que para a noiva. Isso é manifestação da vil perversão humana.
Se nosso modelo é Cristo, sigamos o seu exemplo:
- não O vejo demonizando gente;
- não O vejo tomando partido por alguma doutrina política como Rabi que era, portanto com poder de influenciar quem O seguia;
- não O vejo descuidando das responsabilidades pessoais como um ser humano que era: pagou imposto inclusive!
- não O vejo conspirar pela conquista de algum tipo de poder temporal, antes o vejo afirmando que tudo que existe está submetido a autoridade do Pai.
Jesus sabia que o Império Romano era o “satanás” de seu tempo, que Herodes era o verdugo e que Pilatos era um fantoche do mal em Sua história . Ele reconhecia a malignidade na falsa piedade e na descrença da casa sacerdotal de sua época. Mas em momento algum Ele demonizou gente que nitidamente estava a serviço do inimigo: o máximo que fez foi alertá-los que o que faziam não era da parte de Deus e sim do inimigo –e ainda assim para aqueles que supostamente O representavam!
Entre um relato baseado na 'sobrenaturalidade' e a polêmica manifestação do Pr. Piragine, sou mais pelo segundo, mesmo que seu discurso resvale na concepção de a igreja ser o Israel de Deus na terra com a “missão” de pregar uma mensagem moral, portanto algo dissonante da mensagem de reconciliação. Com isso não avalizo seu pronunciamento na íntegra, mas pelo menos ele argumenta com fontes passíveis de averiguação de suas premissas, com uma linha clara de concepção. E apela à consciência individual de cada um pela decisão do voto e, logicamente quem tem consciência vai avaliar se o pronunciamento dele tem sutentação ou não a ponto de influenciá-lo em sua opção na hora de votar.
Vale lembrar que Paulo enfatizava a questão de andar na vida cristã com consciência limpa (que não significa só confessar os pecados, mas viver em paz com a dicotomia instalada no interior de cada ser), em suas cartas na prática de uma vida cristã- embora eu não despreze que Deus possa usar de instrumentos como esse, da revelação e da profecia em casos específicos, e que TUDO deve ser julgados com base na Palavra.
Não simpatizo com o modus operandi do atual partido no poder, na minha percepção de características facistas e especialmente das atitudes de narcisismo, leniência e frouxidão moral de nosso presidente. O aparelhamento do governo e o conseqüente inchaço na máquina administrativa, o aumento da dívida pública e a farra consumista que vem se fazendo, não apontam para horizontes espirituais e sociais mais pacíficos à frente.
Não nego os avanços nem os resultados palpáveis do governo atual, em especial na melhoria de vida de parte da população antes miserável e pobre, mas isso é desdobramentos das conquistas não creditadas ao governo anterior, onde o que mais se lembra são os frágeis resultados econômicos. O ser humano é pragmático: se pôs dinheiro no seu bolso, pouco importa o partido, os escândalos políticos e as conseqüências no futuro. Quem prometer mais e tiver como respaldo bons resultados anteriores (mesmo que sejam falácias marqueteiras), leva o prêmio. Assim Maluf elegeu Pitta em São Paulo e assim Itamar Franco elegeu FHC. E é assim que Lula certamente elegerá Dilma. Veremos no futuro se o resultado será o mesmo dos dois casos anteriores.
Eu sei que tudo isso faz parte do plano de implantação do governo do anticristo, não estou alheio a essa futura ocorrência. O que eu entendo disso tudo? Que meu voto pode ajudar postergar isso que é o que vai ocorrer mais cedo ou mais tarde. E, quanto mais tarde isso acontecer, melhor.
E dia a dia vamos caminhando, fazendo nossa jornada por trechos fáceis ou sofridos, fruto de nossas escolhas pessoais. O que determina o nosso futuro são as escolhas que fazemos agora. E se fazemos escolhas sem consciência dos desdobramentos futuros baseados somente em profecias e revelações (sabendo que hoje mais são instrumentos de manipulação humana que instrumentos efetivos de manifestação de Deus para nós), estaremos terceirizando nossa capacidade de avaliação e decisão à quem não tem direito algum para intervir em nossa consciência:. Só o Espírito Santo pode fazer isso em nós, sem risco de manipulações e sem qualquer espírito corporativista religioso envolvido.
Particularmente intriga-me aquelas mensagens com esse tipo de conteúdo baseado em manifestações carismáticas de revelações e profecias. Não são poucas as mensagens que recebo com esse tipo específico de conteúdo, inclusive com irmãos que vem me questionar sobre esse tipo de mensagem.
É interessante observar que esse tipo de mensagem aparece com freqüência em épocas de eleição para demonizar candidatos e induzir o voto do cristão de maneira utilitarista, como se o Brasil fosse uma monarquia teocrática à semelhança do Israel do velho testamento.
As coisas deixaram de ser assim desde que Cristo morreu, ressuscitou e deu-nos de Seu Espírito para que NÓS fôssemos a manifestação do Reino em meio à humanidade. Sozinhos ou em comunidade (igreja). Hoje cada um deveria gozar da liberdade em Cristo e do Seu Santo Espírito para seremos guiados em toda a verdade. A igreja não é um novo Israel com a missão de implantar um governo teocrático onde quer que esteja, por mais que vejamos o esforço da igreja institucional (especialmente as de linha pentecostal e neopentecostal) afirmarem que essa tomada de poder é "plano de Deus".
Se fosse para isso que a igreja existisse, seria fácil ser o “novo Israel”: bastaria um ofício sacerdotal constituído e regras de conduta e moral impostas para serem obedecidas, facilitando classificar gente entre salva e não-salva baseando-se na observação de seu cumprimento (ops, acho que já vimos isso...), mas não é. O chamado para cada um, que é o da Igreja -sendo esta a comunidade dos chamados individualmente- é para amarmos uns aos outros e anunciarmos à humanidade que “Deus em Cristo, reconciliou o mundo” e nos comissionou para o exercício do ministério da reconciliação. O resto -mudança de comportamento ou o novo nascimento- é o Espírito quem opera em cada um segundo Seu querer e tempo.
A tática da “Teoria da Conspiração” espiritual no meio evangélico sempre deu resultado, pela estrutura hierárquico-espiritual calcada na manifestação dos dons como aferidor de uma maior espiritualidade, conseqüentemente alguém que as orientações devem ser seguidas por supostamente virem de alguém mais próximo do divino que os outros. Esse tipo de estratégia tem eficácia especialmente se vêm com uma roupagem de “revelação”, sonhos, respaldo em experiências missionárias e outros tipos de manifestação classificadas como “sobrenaturais”. O povo cristão majoritariamente dá mais ouvidos à esse tipo de coisa que o uso da sabedoria (dadas por graciosamente Deus conforme Sua Palavra) que engloba a capacidade de compreensão e da percepção para entender o mundo à sua volta e fazer opções com a consciência em paz.
Esse tipo de coisa contamina nosso entendimento. Infelizmente o uso dos dons espirituais perdeu o foco, transformando-se de elemento acessório (lembremos que Paulo classifica essas manifestações do carisma divino como adornos de Cristo à Sua noiva – ou seja para deixá-la mais bonita e apta ao chamado do Rei) em algo extremamente relevante à percepção humana (contaminada pelo pecado) e instrumento de manipulação. O povo passou a olhar mais para o lindo colar de esmeraldas do que para a noiva. Isso é manifestação da vil perversão humana.
Se nosso modelo é Cristo, sigamos o seu exemplo:
- não O vejo demonizando gente;
- não O vejo tomando partido por alguma doutrina política como Rabi que era, portanto com poder de influenciar quem O seguia;
- não O vejo descuidando das responsabilidades pessoais como um ser humano que era: pagou imposto inclusive!
- não O vejo conspirar pela conquista de algum tipo de poder temporal, antes o vejo afirmando que tudo que existe está submetido a autoridade do Pai.
Jesus sabia que o Império Romano era o “satanás” de seu tempo, que Herodes era o verdugo e que Pilatos era um fantoche do mal em Sua história . Ele reconhecia a malignidade na falsa piedade e na descrença da casa sacerdotal de sua época. Mas em momento algum Ele demonizou gente que nitidamente estava a serviço do inimigo: o máximo que fez foi alertá-los que o que faziam não era da parte de Deus e sim do inimigo –e ainda assim para aqueles que supostamente O representavam!
Entre um relato baseado na 'sobrenaturalidade' e a polêmica manifestação do Pr. Piragine, sou mais pelo segundo, mesmo que seu discurso resvale na concepção de a igreja ser o Israel de Deus na terra com a “missão” de pregar uma mensagem moral, portanto algo dissonante da mensagem de reconciliação. Com isso não avalizo seu pronunciamento na íntegra, mas pelo menos ele argumenta com fontes passíveis de averiguação de suas premissas, com uma linha clara de concepção. E apela à consciência individual de cada um pela decisão do voto e, logicamente quem tem consciência vai avaliar se o pronunciamento dele tem sutentação ou não a ponto de influenciá-lo em sua opção na hora de votar.
Vale lembrar que Paulo enfatizava a questão de andar na vida cristã com consciência limpa (que não significa só confessar os pecados, mas viver em paz com a dicotomia instalada no interior de cada ser), em suas cartas na prática de uma vida cristã- embora eu não despreze que Deus possa usar de instrumentos como esse, da revelação e da profecia em casos específicos, e que TUDO deve ser julgados com base na Palavra.
Não simpatizo com o modus operandi do atual partido no poder, na minha percepção de características facistas e especialmente das atitudes de narcisismo, leniência e frouxidão moral de nosso presidente. O aparelhamento do governo e o conseqüente inchaço na máquina administrativa, o aumento da dívida pública e a farra consumista que vem se fazendo, não apontam para horizontes espirituais e sociais mais pacíficos à frente.
Não nego os avanços nem os resultados palpáveis do governo atual, em especial na melhoria de vida de parte da população antes miserável e pobre, mas isso é desdobramentos das conquistas não creditadas ao governo anterior, onde o que mais se lembra são os frágeis resultados econômicos. O ser humano é pragmático: se pôs dinheiro no seu bolso, pouco importa o partido, os escândalos políticos e as conseqüências no futuro. Quem prometer mais e tiver como respaldo bons resultados anteriores (mesmo que sejam falácias marqueteiras), leva o prêmio. Assim Maluf elegeu Pitta em São Paulo e assim Itamar Franco elegeu FHC. E é assim que Lula certamente elegerá Dilma. Veremos no futuro se o resultado será o mesmo dos dois casos anteriores.
Eu sei que tudo isso faz parte do plano de implantação do governo do anticristo, não estou alheio a essa futura ocorrência. O que eu entendo disso tudo? Que meu voto pode ajudar postergar isso que é o que vai ocorrer mais cedo ou mais tarde. E, quanto mais tarde isso acontecer, melhor.
E dia a dia vamos caminhando, fazendo nossa jornada por trechos fáceis ou sofridos, fruto de nossas escolhas pessoais. O que determina o nosso futuro são as escolhas que fazemos agora. E se fazemos escolhas sem consciência dos desdobramentos futuros baseados somente em profecias e revelações (sabendo que hoje mais são instrumentos de manipulação humana que instrumentos efetivos de manifestação de Deus para nós), estaremos terceirizando nossa capacidade de avaliação e decisão à quem não tem direito algum para intervir em nossa consciência:. Só o Espírito Santo pode fazer isso em nós, sem risco de manipulações e sem qualquer espírito corporativista religioso envolvido.
Nenhum comentário:
Postar um comentário