No que creio e tento viver.
Entendo que a verdadeira rendenção espiritual não tem entre os seus agraciados aquelas pessoas que posam de santas e moralmente irrepreensíveis, tampouco aquelas que investem a sua vida em defender a doutrina melhor fundamentada em escritos ancestrais... vejo que ela é alcançada pelo pecador arrependido que, por assim se reconhecer e ciente de sua limitação, ousa não mais negociar com Deus o Seu favor mediante seus esforços pessoais mas, em um passo de fé, acredita na bondade intrínseca de seu Ser e nos méritos do Cristo crucificado e ressurreto respondendo à essa fé com uma nova postura, voltada à Deus e ao próximo sem fanatismos, dando assim sabor à sua vida e a dos que estão à seu redor neste mundo. E tudo isso é possível exclusivamente pela Graça de Deus, fruto de Seu amor por nós.
quinta-feira, 30 de julho de 2009
As três capinas
Adriano é um irmão humilde e trabalhador de uma igreja batista do interior do Estado de São Paulo. Casado com Divanete, ambos levam a vida típica da gente simples do chamado Brasil profundo, lutando com as dificuldades e sempre buscando uma renda extra para fazer frente aos gastos da família. Adriano tem um trabalho digno e aproveita os dias de folga para fazer alguns bicos e ganhar um dinheirinho honestamente. Um desses bicos é capinar terrenos baldios, algo muito necessário nas cidades do interior. Num dia muito quente, Adriano foi capinar um terreno e, conversando com o pastor da sua igreja, este lhe aconselhou que usasse um chapéu, pois o sol estava muito forte naquele dia, mas Adriano não lhe deu ouvidos. Foi capinar com a cabeça desprotegida e quando estava na metade do serviço, percebeu - tarde demais - que o pastor tinha razão. O sol estava de "rachar mamona", como se diz na roça, e ele já estava se sentindo mal, se expondo aos riscos de uma insolação. Não teve dúvidas: parou o serviço e orou, pedindo a Deus que lhe ajudasse a suportar o calor. Pouco depois, capinando uma moita, viu que atrás dela, no meio do mato, estava um boné novinho em folha, o que o deixou muito feliz. Parou o serviço novamente e deu glórias a Deus por ter respondido a sua oração.
Algum tempo depois, surgiu outro terreno para capinar, cujo proprietário lhe havia pedido urgência, pois precisava começar uma obra no dia seguinte. Já declinando a tarde, a enxada que Adriano usava soltou a cunha, e a gambiarra que ele fez não ajudava muito, já que ele mal conseguia capinar com aquela peça bamba. Recriminou-se por não ter pego uma enxada melhor. Não teve dúvida, parou tudo e orou pedindo ajuda a Deus. Pouco depois, deu uma enxadada numa quiçaça e ali, para sua grata surpresa, tinha uma cunha semi-enterrada, que cabia perfeitamente na sua enxada. Diante do achado, levantou as mãos ao céu e glorificou a Deus efusivamente, o que deve ter assustado a vizinha que via pela janela a cena insólita de um homem cansado, no fim da tarde, agradecendo a Deus por uma cunha. Pelo canto dos olhos, Adriano só teve tempo de ver a cortina se fechando rapidamente.
Passados alguns dias, outra pessoa pediu a Adriano um serviço de urgência, que ele não podia recusar nem fazer num dia só sem a ajuda de outra pessoa. Combinou com o seu irmão, mas este avisou-lhe a tempo que não poderia ir. Chamou um rapaz que às vezes lhe ajudava, mas no dia e hora combinados, ele simplesmente não deu as caras. Lá estava o terrenão enorme pedindo enxada, e só Adriano a lhe encarar. Decidiu-se a fazer o que podia, mas já terminava o dia e ainda faltava muito chão para capinar. Exausto e já próximo do desespero, não teve dúvida: parou tudo e clamou a Deus por socorro. Mal teve tempo de dizer o "amém", quando percebeu uma sombra estranha denunciando um vulto enorme que se aproximava. Era um homem negro, grande, mal encarado, como aquele personagem condenado à morte no filme "À Espera de Um Milagre", o que lhe deixou com um baita medo naquele ermo do sem fim. O homem se aproximou e disse:
- Ei, rapaz, você não quer que eu te ajude? Tem muito terreno ainda e eu posso te ajudar por um trocadinho qualquer...
Adriano combinou o preço com o socorro recém-enviado dos céus - que, segundo ele, era um verdadeiro trator - e terminou o seu dia feliz, levando dinheiro para casa e dando glórias a Deus.
Esta é uma história verídica...
Ouvindo esta história, eu fiquei pensando cá com os meus botões: esta é a fé que Deus honra. Não uma pseudo-fé auto-imputada, arrogante, soberba, que trata Deus como um menino de recados ou um escravo obrigado a "honrar" quem alega segui-lO, de preferência cobrindo-o de bens, mas uma fé simples, inocente, dedicada, que se dispõe e põe a mão no arado e na enxada com vontade de ser feliz, e não tem vergonha da sua condição, nem de pedir auxílio a Deus quando as coisas não saem exatamente como se pensava, e em tudo dando glória a Ele. Simples assim...
Fonte: Bereianos
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