No que creio e tento viver.

Entendo que a verdadeira rendenção espiritual não tem entre os seus agraciados aquelas pessoas que posam de santas e moralmente irrepreensíveis, tampouco aquelas que investem a sua vida em defender a doutrina melhor fundamentada em escritos ancestrais... vejo que ela é alcançada pelo pecador arrependido que, por assim se reconhecer e ciente de sua limitação, ousa não mais negociar com Deus o Seu favor mediante seus esforços pessoais mas, em um passo de fé, acredita na bondade intrínseca de seu Ser e nos méritos do Cristo crucificado e ressurreto respondendo à essa fé com uma nova postura, voltada à Deus e ao próximo sem fanatismos, dando assim sabor à sua vida e a dos que estão à seu redor neste mundo. E tudo isso é possível exclusivamente pela Graça de Deus, fruto de Seu amor por nós.

terça-feira, 30 de junho de 2009

Rendenção


Impressiona-me como o entendimento da miséria humana tenha-se resumido ao conhecimento teológico e à obediência à moral no meio evangélico.

Pouquíssimos não mais arrependem-se pela consciência de que é mau por natureza e que apesar disso, Deus o ama e o visita como parte de Sua graça... antes o remorso é chamado de arrependimento e arrependimento virou prática moral-doutrinária.

Ninguém quer admitir sua maldade essencial... ainda que a bíblia traga passagens e mais passagens sobre essa realidade... por isso teologizar é mais conveniente... olhar para o espelho que é bom e bíblico para reconhecermos a enorme extensão da salvação em Cristo, que primeiro faz bem em nós para depois fazer o bem através de nós para outros, poucos tem coragem de fazer como Davi o fez em váriso momentos de sua vida.

Mais confortável olhar os acertos de Davi que dar a mão à palmatória quando este, em seus salmos, admite ser um pecador inveterado que não possui condição alguma de tornar-se melhor se não for a graça de Deus a seu favor!

E assim vamos pelo caminho, crendo parcialmente na Revelação, transformando nossas vidas em rito de obediência à doutrinas, nunca experimentando em profundidade a dor de ser pecador e a bênção de ser alvo da graça de Deus. Acreditamos que esse nível de sentimento de arrependimento é coisa para prostitutas, ladrões, assassinos e similares, que vivem uma vida "desregrada", e que devem se arrepender pela vida que julgamos ser miserável, pois não obedece nosso código de conduta. Substituímos tudo isso pelas sistematizações religiosas e pela moral, pois esse negócio de sentir dor pelo reconhecimento da verdade de seu ser é coisa que deixa crente arrepiado!

Por isso Paulo fala em Romanos 7:15-25:

15 Porque o que faço não o aprovo; pois o que quero isso não faço, mas o que aborreço isso faço.
16 E, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa.
17 De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim.
18 Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; e com efeito o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem.
19 Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço.
20 Ora, se eu faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim.
21 Acho então esta lei em mim, que, quando quero fazer o bem, o mal está comigo.
22 Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus;
23 Mas vejo nos meus membros outra lei, que batalha contra a lei do meu entendimento, e me prende debaixo da lei do pecado que está nos meus membros.
24 Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte?
25 Dou graças a Deus por Jesus Cristo nosso Senhor. Assim que eu mesmo com o entendimento sirvo à lei de Deus, mas com a carne à lei do pecado.

Até quando taparemos o sol com a peneira, fugindo de nós mesmos e não nos rendendo incondicionalmente à graça, que é quem alivia a nossa dor de nos reconhecermos tão maus e incapazes do bem, mesmo que queiramos realizá-lo? Até quando nossa relação com Deus será doutrinária e não na verdade de nossa carnalidade que luta contra o bem que o ES quer realizar em nós? Até quando nos contentaremos no cumprimento de leis morais que somente alimentam nossa maldade intríseca em substituição ao render-se ao amor incondicinal de Deus?

3 comentários:

Leonardo Gonçalves disse...

O grande problema do homem não é o que ele faz; é o que ele é! O homem tem poder para mudar o que faz, mas só Deus pode mudar o que ele é: PECADOR.

E mais: uma mudança jurídica baseada na obra da cruz não é o mesmo que impecabilidade. Paulo era já um servo de Deus, quando exclamou: Miserável homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte? E a resposta ele mesmo dá: É a GRAÇA!

Louvo a Deus por cristãos como Eliézer Sanches, que falam da graça barata, do amor desinteressado, da graça de graça!

Em Cristo, do seu amigo 'profano',

Leonardo.

Eliézer disse...

Meu querido mano Leonardo!

Quem sem discernir como, abriga a graça no coração, já saiu espiritualmente na frente anos-luz no meio cristão.

Não é para se entender. É para se render!

Espero que seu estadia no Brasil esteja sendo de descanso.

Abraços de seu "profano" amigo e irmão na mesma graça

Alessandro disse...

"Jesus falou através da história e através de seu Espírito. Registrado foi o que disse, seja nas páginas de um livro sagrado ou na consciência humana. Tomar a cruz e segui-lo é ser maldito, humilhado; é escolher voluntariamente pelo escárnio e pela morte; é aceitar e reconhecer a miséria que assola o ser. Mas também é ter esperança de que, os que perdem, ganham."

Parabéns pelo blog!

Abraço.

http://salvospeloamor.blogspot.com/