No que creio e tento viver.

Entendo que a verdadeira rendenção espiritual não tem entre os seus agraciados aquelas pessoas que posam de santas e moralmente irrepreensíveis, tampouco aquelas que investem a sua vida em defender a doutrina melhor fundamentada em escritos ancestrais... vejo que ela é alcançada pelo pecador arrependido que, por assim se reconhecer e ciente de sua limitação, ousa não mais negociar com Deus o Seu favor mediante seus esforços pessoais mas, em um passo de fé, acredita na bondade intrínseca de seu Ser e nos méritos do Cristo crucificado e ressurreto respondendo à essa fé com uma nova postura, voltada à Deus e ao próximo sem fanatismos, dando assim sabor à sua vida e a dos que estão à seu redor neste mundo. E tudo isso é possível exclusivamente pela Graça de Deus, fruto de Seu amor por nós.

domingo, 18 de agosto de 2013

A Indústria da Conversão


O quadro acima , publicado na VEJA SP, despertou um questionamento que gostaria de ampliar nesse texto.
Deixando de lado o aspecto da conveniência de uma "conversão" neste momento de efervescência do mercado gospel, o grande engano nessa história toda é achar que um testemunho de mudança de vida fará com que Cristo seja glorificado e o Evangelho ser pregado. Pensa-se que o saturamento de histórias como essa levem muitos a “conversão”.
Mudanças radicais de vida acontecem com pessoas no catolicismo, no espiritismo, no candomblé, no budismo... enfim qualquer religião é capaz de mudar a vida de uma pessoa, isso não é exclusividade do cristianismo. Todas elas possuem um denominador comum: focam em aspectos morais e éticos semelhantes, que consensualmente sabe-se que quando não praticadas o resultado é o mal.
Na verdade o Mestre afirma que há um só sinal, que segundo Ele seria “O” sinal que convenceria o mundo de Sua passagem sobre a terra, de Sua obra na cruz e da Verdade que Ele encarnou. Esté é o amor não fingido entre aqueles que dizem ser seus discípulos - e não entre seus simpatizantes.
Tal como na época em que Ele encarnou-se, viveu entre nós e lançou as bases do Reino que havia chegado nEle à nós, houveram seus discípulos e seus inúmeros simpatizantes, que até chegavam a deixar suas casas e afazeres por dias em busca do favor de Jesus, do que Ele poderia fazer por eles.
Alguns inclusive atreveram-se a segui-lo como discípulos por algum tempo, mas desistiam logo frente ao breve primeiro embate que desnudava à eles (mas não ao Mestre) o real interesse por trás de tanto desprendimento.
Hoje encontramos hordas de simpatizantes envoltos nos esquemas do cristianismo em suas variadas vertentes, participando dos jogos de poder eclesiástico e do mercado religioso, chamando de "conversão" o convencimento da necessidade de uma mudança moral e consequentemente comportamental e de "vida cristã" o processo de adestramento e aculturamento no gueto religioso, que se inicia nesse equivoco de entendimento.
Seus testemunhos são de uma mudança que qualquer ser humano com algum nível razoável de percepção sobre si mesmo pode realizar de dentro para fora, movido pelo seu real desejo de mudança, até mesmo sem o “coaching” doutrinário e mentoria pastoral que esse processo em um ambiente religioso pressupõe. Aliás esse apoio ao convertido é um dos motivos pelos quais a Igreja existe.
Conversão é outra coisa. É revelação, “insignht” sobrenatural. É dar razão à Deus quanto à nossa pecaminosidade intrínseca e à falência pessoal quanto aos nossos esforços pessoais de reconciliação com Ele. É aceitar que Deus submeteu Jesus ao castigo que nos era merecido e que Ele fez por nós aquilo que não teríamos condição alguma de fazermos por nós mesmos.  É saber que Ele fez isso somente por amor a nós e não porque sejamos especiais ou tenhamos atraído a atenção dEle por qualquer tipo de subterfúgio pessoal.  É aceitar a Graça do Pai, onde os paradoxos do ser que enlouqueceriam a qualquer um são pacificados. É saber com convicção e paz no coração que o pecado se resolveu com o perdão e a culpa foi aplacada pela graça.

Isso pode acontecer a qualquer momento de nossas vidas, mesmo imerso nos devaneios morais  travestidos de espiritualidade do cristianismo, como foi meu caso.
Que a Graça do Evangelho, que perdoa os imperdoáveis, nos alcance!

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